Uma promoção lançada neste 11º ano do blog Corneta do RW alcançou grande repercussão de público e crítica (em especial, de crítica): a escolha do Craques do Mês da IVI. E já nesta pós-temporada, os craques escolhidos nos doze meses de 2023 decidiram se organizar como equipe para resgatar os famosos amistosos de fim de ano no estádio da Padre Cacique.
Ao final de cada mês de 2023 o Craque do Mês da IVI foi indicado por um comitê formado por representantes do Conselho de Administração do blog, das equipes de redatores, de editores de imagens, de consultores especializados, corneteiros apoiadores espalhados mundo afora e das lancherias e mercadinhos da região do Tríplice Limite entre os bairros Bom Fim, Cidade Baixa, Farroupilha e Santana (que geográfica e historicamente sempre foram um só).
Doze astros receberam a honraria. O primeiro, agraciado em janeiro, como não poderia deixar de ser, foi o eterno Capitão Reche.
O Comitê organizador logo percebeu que seria inevitável um dodecampeonato do Capitão e declarou-o hors-concours a partir de fevereiro, homenageando a partir de então o fenômeno de isenção vermelha com o próprio busto dele num novo troféu, que também passou a levar o seu nome.
A galeria dos craques do mês da IVI ficou assim formada:
Janeiro: Capitão Reche, IVI da Orfanotrófio. Dispensa apresentações.
Fevereiro: Hiltor Mombach. IVI do Centro. Conhecido como “o Decano”. É amigo íntimo do(s) X9 do bairro do Humaitá. Tem acesso aos rascunhos – pré-redigidos para agilizar a burocracia da redação final e assinaturas – das atas do Conselho do Grêmio.
Março: Diori ‘Lanterna Verde’ Vasconcelos. IVI da Ipiranga. É o “desembargador” da CIA (Comissão Isenta de Arbitragem) que analisa os erros de arbitragens cometidos pelos “humanos” de apito, sempre a favor do Grêmio e sempre contra o SCI.
Abril: Serginho Xavier. Azul Fascinado pelo Vermelho. Gremista que atua na SPORTV. É sempre escalado, por uma terrível coincidência, para comentar jogos péssimos do Grêmio e ótimos do SCI na tevê por assinatura que foi dirigida durante duas décadas pelo colorado roxo Telmo Zanini. Sobreviveu a várias “barcas” e “passaralhos” que dizimaram as equipes do canal em que exibe todo seu conhecimento acumulado em revistas de grande circulação nacional que faliram, por outra coincidência horrível, após a sua passagem.
Maio: Presidente Saraiva. IVI da Ipiranga. Tal como o Capitão, dispensa apresentações.
Junho: Eduardo Barrigardo (ex-Gabardo). Azul (dizem por aí) Fascinado pelo Vermelho. Atua na IVI da Ipiranga ao lado de colegas que foram a maioria entre os vencedores dos prêmios de Craque do Mês da IVI. Aposentou Luis Suárez em junho. Depois fez ajustes na informação, referentes a pequenos detalhes pouco significativos. Foi perdoado e apoiado por toda a IVI e reabilitado retroativamente por Renato. Afinal, quem nunca?
Julho: Diogo Pipoca. IVI da Ipiranga. Maestro pifador. Camisa 10. O cérebro do time da IVI. Nenhuma surpresa. Manteve o seu marcante estilo insidioso, cheio de firulas introduzido por aquela vozinha suave de quem quer te vender carro usado com motor fumando e lataria cheia de massa como seminovo.
Agosto: Zé Alberto Andrade. IVI da Ipiranga. Tem uma história comovente de ligação umbilical com o prédio às margens do Dilúvio. Está lá desde as categorias de base da IVI, isto é, desde que estagiou há quase quatro décadas. Analistas entendem que, possivelmente em decorrência do seu estilo discreto e cordato, foi um grande injustiçado nas primeiras edições da escalação do time anual da Imprensa Vermelha Isenta. Seu bordão ao abordar (sem trocadilho) as grandes crises do SCI, tais como jogador dar trompaço em dirigente dentro de campo em dia de jogo, é: “Isso acontece“. Assim mesmo, sem ponto de exclamação.
Setembro: Leonardo Papoula. IVI da Ipiranga. Figura lendária da IVI por serviços prestados na defesa de um jogador do SCI ameaçado de punição severa por doping. Dispensa maiores comentários, haja vista que para ele foi criado o troféu Microfone de Ouro, um troféu especial de Craque do Ano da IVI pelo seu espantoso desempenho durante todo o ano, atingindo o pico dos Pirineus após o final do Brasileirão.
Outubro: César Cidade Dias. Azul Fascinado pelo Vermelho. Tornou-se integrante do Sala de Babação este ano. Fenômeno incomparável de adesismo instantâneo, ecletismo nos esportes (turfe) e na música (samba), que, curiosamente, coincidem com as paixões de seus colegas Justo Guerra e Presidente Saraiva. Além de tudo, revelou-se um tudólogo da mesma linhagem dos grandes Cláudio Brito, Túlio Milman, Antônio Carlos Macedo e o adulto-prodígio, L. Potter para quem diariamente reserva uma fala lisonjeira. Pela trajetória meteórica e cintilante, recebeu também um prêmio de craque revelação, além do Craque do Mês.
Novembro: Marco Souza. IVI da Ipiranga. Tal como seu antecessor, recebeu dois prêmios: o de revelação, em junho; e o de craque do mês, em novembro. Foi parceiro de Eduardo Barrigardo na divulgação da aposentadoria de Luisito. Entretanto, seu maior momento em 2023, sem dúvida, foi a demonstração assombrosa de audácia e bravura intercontinentais ao atribuir nota 9,5 (!) a Suárez, que marcou um hat-trick contra o então líder do Brasileirão e foi decisivo na vitória de virada do Grêmio por 4 a 3, depois que perdia de 3 a 1, na casa do adversário.
Dezembro: Marcos Bertoncello. IVI da Ipiranga. Eliminou o Caxias por antecedência no Gaúchão. Por um desses deboches do destino, deu a lógica e quem foi eliminado pelo time de bordô, às margens do Guaíba, foi o time treinado à época por Mano “casinha fechada” Menezes. Fez o mais poético e contundente título de coluna ao final do campeonato brasileiro da série A, 2023: “A bela campanha do Inter no Brasileirão que apareceu tarde demais“. Praticamente um Mário Quintana pós-moderno. Pena que poesia não é um estilo cujo ponto forte é a precisão. Dessa forma, não dá pra ter certeza se foi a “bela campanha” ou o “Brasileirão” que demorou pra aparecer. Mas seu forte mesmo é a estatística criativa.